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Para empresas, alta do dólar barateia o preço dos imóveis

A alta do dólar abre janela de oportunidades para compra de imóveis de luxo e alto padrão. De acordo com avaliação de construtoras com produtos nessa categoria, o preço - por conta da variação cambial - ficou bem mais baixo do que dois anos atrás. Mesmo em áreas nobres da zona oeste da capital paulista.

O empreendimento 067 Hermann Jr., no Alto de Pinheiros, é o maior destaque entre os lançamentos da Gafisa neste ano. "Extremamente prime pela metragem, pelo terreno e por tudo o que representa para a empresa", afirma o diretor de negócios da Gafisa, Octávio Flores.

Torre única com 22 andares, o prédio tem um apartamento por andar, com 286 m², na Avenida Frederico Hermann Jr. O diretor explica que, de um lado, podem ser construídos edifícios, mas, do outro, é zona estritamente residencial (ZER), onde só há casas de um ou dois pavimentos. "É divisor de águas", diz. "Com vista eterna para todos os apartamentos."

Para Flores, o projeto é "negócio único" por causa das restrições do novo Plano Diretor de São Paulo. "É praticamente impossível qualquer incorporador fazer novo empreendimento nesse formato, com torre alta, a metragem e quatro suítes."

Preço - O valor médio do m² no Alto de Pinheiros para um apartamento desse tipo é de R$ 17 mil, calcula Flores. Assim, o preço ficaria na faixa de R$ 4,8 milhões. "Mas, conforme a condição de pagamento, o preço cai."

Se pagar a vista, é um valor. Se der sinal alto e até as chaves quitar a unidade, é outro. A questão, segundo ele, é o preço versus a rapidez para pagar o apartamento. "A variação é grande. Quanto mais antecipado, ou à vista, o preço é menor."

Em relação ao cenário para o segmento de luxo e alto padrão, ele aponta oportunidades com a alta do câmbio. "Para quem tem dinheiro investido em dólar, o imóvel se torna barato com a variação cambial", afirma. "Tijolo é moeda forte, investimento seguro. Aplicar em imóvel é aportar em negócio sólido."

Flores destacao piso acústico, caixilhos maiores nos dormitórios para valorizar a vista e pé direito acima de 3 metros de altura. "Amplifica o espaço garantindo mais iluminação", explica, citando a segurança das portas blindadas e com biometria. A abertura de vendas ocorreu em outubro.

"Não vai ter estande com bandeirinhas", diz. "É outra forma, mais exclusiva, de vender apartamento de quase 300m² no Alto de Pinheiros. "O cliente pode ter contato com a maquete no estande. Se quiser ver o decorado, montado no Jockey Club de São Paulo, marca com o corretor.

Prazo - A MDL tem dois empreendimentos no Alto de Pinheiros. Responsável pela operação da empresa em São Paulo, Fernando Trottanot ou diferença desde 2014 em relação ao prazo para tomada de decisão.

No médio alto e alto padrão, com unidades acima de R$ 1,5 milhão, patamar em que a MDL trabalha, havia um prazo médio de três meses, entre o primeiro contato do cliente até fechar a venda. "Agora, na média, aumentou para seis meses", afirma Trotta. "Dobrou o prazo."

O último lançamento da MDL no bairro foi o Art Cube, que será entregue no segundo semestre do ano que vem. São 42 apartamentos de 145m², três suítes e três vagas. Ainda há 40% das unidades à venda.

O preço, segundo Trotta, é a partir de R$ 1,2milhão, ou cerca de R$ 11,5 mil por m². Também há seis coberturas, com 263m², três suítes e quatro vagas.

Localizado na Rua Alfaia, o prédio em construção ocupa um terreno de 3.251m² e terá oito pavimentos, além de piscina, sauna, fitness, quadra e playground. O projeto é da Anastassiadis Arquitetos.

Um pouco mais para baixo, na Avenida Professor Fonseca Rodrigues, também no Alto de Pinheiros, aMDL temo Flora House & Garden. É um condomínio de cinco casas, com portaria de vidros blindados, bosque, sistema de aquecimento central por caldeira e placas solares. O projeto também é da Anastassiadis Arquitetos. As obras terminaram no semestre passado. "Tem só uma casa, de 474m², para vender", diz, comentando que ela voltou na época do repasse. O m² sai na faixa de R$ 12 mil. O preço final é de R$ 5,7milhões. São três suítes, com quatro vagas e depósito privativo.

Segundo Trotta, "por incrível que pareça", esse segmento de alto padrão está mais resiliente. "A alta do dólar ajudou", avalia, dizendo que, na maioria dos casos, os clientes possuem reservas e aplicações fora do País. "Hoje, analisado em dólar, o preço do imóvel, está bem mais barato do que um ano e meio ou dois anos atrás."

Antes, segundo ele, o cliente padrão pagava conforme a tabela. Hoje, prefere antecipar em busca de descontos. "Temos feito boas negociações", diz. Os prazos agora são mais curtos. "E até a vista por causa da oportunidade com a alta do dólar."

Por Heraldo Vaz

Fonte: O Estado de S. Paulo, Imóveis, 29/11/2015

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