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FUNDOS IMOBILIÁRIOS ALCANÇAM VALORIZAÇÃO DE 27% EM 1 ANO

Enquanto os imóveis continuam em queda, aplicações financeiras lastreadas no setor vivem a melhor fase

Enquanto o mercado de imóveis busca um apoio para se segurar no fim da ladeira, um produto criado a partir dele, os fundos imobiliários, escala com vigor a liderança dos investimentos e, hoje, alcança o patamar mais alto de sua história. Na sexta-feira da semana passada, 23, o Índice de Fundo de Investimentos Imobiliários (Ifix), que afere o comportamento dos fundos imobiliários negociados na Bovespa, fechou em 2.071 pontos, uma alta de 27,02% em um ano, 11,14% em 2017 e 1,95% em junho. Nenhuma aplicação financeira foi tão bem-sucedida no período, na verdade, desde 2014, quando esses fundos registraram valorização de 56%. Mas como crescer em meio a um cenário tão adverso?

A resposta, na opinião de especialistas, encontra respaldo na conjuntura econômica, que favorece amplamente essa aplicação. Por serem investimentos de renda variável, ou seja, sujeitos às oscilações do mercado, os fundos imobiliários (FII) fazem sucesso em um momento em que o Banco Central mergulha em um ciclo de corte da Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 10,25%, mas que deve chegar a 8,5% no final do ano.

 

“Com a queda da Selic, o CDI, o Tesouro Direto remuneram menos e a atratividade de um investimento como o fundo imobiliário tende a crescer”, conta o economista Eduardo Zylberstajn, pesquisador da Fipe e professor da FIA.

Outro ponto positivo do FII vem de uma constatação racional do mercado financeiro, que compreende que os imóveis atingiram os patamares mais baixos de preço, bem próximos do custo de fabricação, tornando a expectativa de valorização mesmo que a médio prazo, uma opção óbvia. “Os fundos adiantam um pouco o que vai acontecer no mercado. Lá atrás, antes da crise econômica e no setor imobiliário, os fundos começaram a cair bastante. A crise veio e, pouco a pouco, esse investimento foi se recuperando”, diz Zylberstajn.

Atenção. Com boas perspectivas para o médio prazo, o especialista da corretora de investimentos Easynvest, Alexander Shukowsky, aconselha quem for aplicar no setor a analisar com cuidado os tipos de ativos que compõem o fundo. “Os fundos podem ser compostos de participações em imóveis e em ativos financeiros atrelados aos imóveis, como o LCI e o CRI. Isso muda bastante o retorno”, afirma.

A Letra de Crédito Imobiliários (LCI) e o Certificado de Recebíveis Imobiliários. (CRI) são títulos de crédito de renda fixa pós e pré-fixada e que têm seu desempenho relacionado à taxa Selic. Shukowsky explica que, neste momento, fundos que investem em imóveis como shoppings centers bem localizados tendem a obter retornos melhores. “Esse tipo de ativo é mais resiliente às crises”, destaca.

Funcionamento. Os FII são investimentos de renda variável e funcionam como ações, mas, em vez de empresas, o aporte é em imóveis. Dentro do fundo, cada investidor tem uma cota correspondente ao montante aplicado, que rende um valor mensal.     

Geralmente, uma cota de um fundo não passa de R$ 4,5 mil, podendo ser adquirida por muito menos. 

Os FII têm isenção de taxa de imposto de renda no valor do rendimento. Já as vendas das cotas com lucro são taxadas em 20%. Há ainda a taxa de administração do fundo, que pode ou não ser cobrada pela corretora.

Renato Jakitas, Malena Oliveira, O Estado S. Paulo

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