Oct

21

Fim do ano terá mais lançamentos

Fonte: Valor Econômico 
 

Os lançamentos imobiliários das incorporadoras de capital aberto deverão se concentrar no quarto trimestre ainda mais do que já ocorre sazonalmente. Parte dos projetos previstos para serem lançados no terceiro trimestre foram postergados para os três últimos meses de 2013 devido a prazos de aprovação mais longos do que os esperados inicialmente. Desde o início do ano, boa parte das empresas tem privilegiado a venda de estoques em relação a novos projetos.

Em conjunto, as empresas que divulgaram prévias operacionais até o fechamento desta edição - Cyrela Brazil Realty, Direcional Engenharia, Even Construtora e Incorporadora, EZTec, Gafisa, MRV Engenharia, Rodobens Negócios Imobiliários, Tecnisa e Trisul - lançaram R$ 4,34 bilhões no terceiro trimestre, 7,8% abaixo do mesmo período do ano passado. As vendas das incorporadoras tiveram queda de 4,9%, para R$ 4,59 bilhões. Parcela expressiva do que foi comercializado se refere a vendas de estoques.

Os lançamentos da EZTec, por exemplo, caíram 45% no trimestre, para R$ 275 milhões, e as vendas encolheram 27%, para R$ 201 milhões. A comercialização de lançamentos dos trimestres anteriores correspondeu a 81% do total. Conforme o diretor financeiro e de relações com investidores da EZTec, Emilio Fugazza, se os projetos lançados no fim do trimestre tivessem sido aprovados anteriormente, o reconhecimento das vendas poderia ter sido maior no período.

De janeiro a setembro, a EZTec lançou R$ 999 milhões, o correspondente a 76,9% do ponto médio da meta para o ano, que vai de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão. Fugazza reiterou a expectativa que o ponto máximo da meta de lançamentos será alcançado.

A MRV, que assim como a EZTec divulgou ontem sua prévia operacional, lançou o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 788 milhões no trimestre, 25% a menos que no mesmo período do ano passado. No fim de setembro, a companhia tinha VGV de R$ 1,3 bilhão em projetos com registro de incorporação emitidos e não lançados. A MRV vem conseguindo diminuir seus estoques, e os lançamentos do quarto trimestre serão maiores que os do terceiro, conforme o diretor-executivo de finanças da companhia, Leonardo Corrêa.

De julho a setembro, as vendas contratadas da MRV cresceram 35%, para R$ 1,388 bilhão, valor recorde para um terceiro trimestre. A expansão resultou do nível de competição menor nas faixas 2 e 3 do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e da atuação geográfica pulverizada da companhia, segundo Corrêa. A velocidade de comercialização medida pelo indicador VSO (vendas sobre oferta) foi de 28%, ante 27% no segundo trimestre e 19% no terceiro trimestre de 2012.

O analista de construção civil da BES Securities, Eduardo Silveira, cita que algumas empresas reportaram queda da VSO na comparação com o segundo trimestre. Essa redução da velocidade de vendas resultou, de acordo com o analista, do menor volume de lançamentos, do aumento dos distratos, da demanda por imóveis "não tão aquecida" e do foco das empresas em venda de estoques.

A Tecnisa teve distratos de R$ 131 milhões no trimestre, nível superior ao de sua média histórica. Os distratos e o lançamento de dois projetos na última quinzena do trimestre resultaram na queda de vendas contratadas. A VSO foi de 13%.

Já a Even informou VSO de 16% no terceiro trimestre, ante 25% no segundo trimestre. A empresa teve lançamentos e vendas menores que os do segundo trimestre e do terceiro trimestre de 2012. Em sua prévia operacional, a incorporadora divulgou ter aprovado, no início de outubro, projetos com VGV de R$ 608 milhões que serão lançados no mês. A expectativa de lançamentos da Even para o ano está mantida.

Conforme o analista da BES Securities, há um "risco razoável" de que parte das incorporadoras não cumpra as metas para o ano, entre elas a Gafisa. De janeiro a setembro, a empresa lançou R$ 1,267 bilhão, o correspondente a 42% do ponto médio da meta para o ano, de R$ 2,7 bilhões a R$ 3,3 bilhões.

"Algumas aprovações de projetos levaram mais tempo do que imaginávamos", conta o diretor-presidente da Gafisa, Duilio Calciolari. Segundo o executivo, a companhia não pretende revisar sua meta para o ano e quer aprovados os projetos que possibilitem cumpri-la. "Podemos até avaliar não lançar [uma parcela]", afirma Calciolari.

Em relação à Cyrela, maior incorporadora de capital aberto, o mercado esperava lançamentos totais (incluindo a parte dos sócios nos empreendimentos) de R$ 6 bilhões a R$ 6,5 bilhões, de acordo com Silveira. Até setembro, a companhia lançou R$ 3,95 bilhões. "No ano, os lançamentos da Cyrela ficarão mais para R$ 5,5 bilhões. Isso é positivo, pois a empresa está mais seletiva em lançamentos e focada na redução de estoques", diz o analista da BES Securites.

Na avaliação do diretor-presidente da Brasil Brokers, Sergio Freire, haverá uma concentração "sazonal turbinada" de lançamentos das incorporadoras no quarto trimestre. Freire cita que as aprovações de projeto foram mais difíceis neste ano e que as empresas buscaram reduzir estoques. No caso da Brasil Brokers, os estoques atuais de imóveis estão R$ 4 bilhões menores do que os do início do ano.

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