A Casa D`Agua - Como anda o BIM nas incorporadoras 2

Nov

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Como anda o BIM nas incorporadoras 2

Tecnisa: BIM no Jardim das PerdizesFoto: Marcelo Scandaroli
O movimento para introduzir o BIM na Tecnisa teve início em 2008. "Depois de conhecer a experiência de construtoras em outros países, pesquisamos softwares, compramos equipamentos e treinamos algumas pessoas para uso da ferramenta", conta o diretor técnico Fábio Villas Bôas. O primeiro projeto modelado foi o Alto da Mata, condomínio com quatro torres residenciais em Barueri (SP). Na ocasião, foi feita apenas a modelagem de arquitetura e de estrutura. "Não pudemos modelar a parte de instalações porque os projetistas não conseguiriam cumprir os prazos de entrega. Se optássemos pelo Revit puro, ficaríamos com obra atrasada por falta de projeto", explica Villas Bôas.

Muito embora acredite que o BIM seja uma tendência que deve se consolidar na construção civil brasileira nos próximos anos, a Tecnisa não deu continuidade à implantação do BIM após essa experiência. "Tínhamos a possibilidade de sermos pioneiros, mas fomos derrotados pela necessidade de desenvolver as atividades de forma ágil, de cumprir os prazos", lamenta Villas Boas.

Mais recentemente, com o amadurecimento do mercado, surgiu uma nova possibilidade de aproveitamento do BIM pela Tecnisa, mais precisamente no Jardim das Perdizes, maior projeto imobiliário da capital paulista, com 250 mil m² de área construída. Os quatro primeiros edifícios residenciais já lançados estão sendo modelados em Revit. "O escritório de arquitetura contratado trabalha em BIM, o que facilitou muito. No momento, a gente negocia com o escritório contratado para a elaboração dos projetos de instalações em BIM", revela Villas Bôas.

Segundo ele, um dos problemas que dificultam o maior aproveitamento da modelagem 3D é o valor cobrado pelos projetistas de instalações para entregar os projetos modelados, muitas vezes impeditivo. "Mas algumas ações nos trazem algum otimismo e a expectativa é a de que esses custos se tornem gradativamente mais competitivos", finaliza o diretor técnico da Tecnisa.

A Sinco aposta na interoperabilidade dos sistemas e dá a opção aos players de utilizar o software de sua preferência. Na foto, captura de tela de projeto do edifício Vernissage

Sinco Engenharia: hospedagem em nuvem
Na Sinco Engenharia, oprocesso de implantação do BIM teve início em 2010. "Naquela época, recebíamos quase todos os projetos em 2D, com exceção do estrutural. O trabalho da modelagem acabava recaindo sobre as equipes internas, o que demandava horas de trabalho a mais", lembra o diretor Fernando Augusto Correa da Silva. Ele conta que, no início, poucos projetistas estavam dispostos a investir no processo, em especial nas disciplinas de instalações. "Alguns arquitetos chegaram a oferecer duplicidade no preço do projeto acrescido de licenças dos softwares utilizados para entrega de seus modelos", recorda.

Mas desde então se avançou muito. Três edifícios comerciais, um shopping center e dois residenciais da Sinco já empregaram o BIM, em diferentes graus. Hoje, a empresa se prepara para tornar o modelo operacional dentro do canteiro de obras com o apoio da hospedagem em nuvem. "A introdução do BIM na obra, com o planejamento e o controle alimentando o modelo e ajustando-o às metas assumidas, é um de nossos objetivos, assim como a criação do modelo de manutenção (6D)", acrescenta Silva.

Para isso, a Sinco vem apostando no processo aberto que prevê interoperabilidade e dá a opção aos players de utilizar o software de sua preferência. A arquitetura é modelada por meio do ArchiCad, a estrutura vem em IFC da TQS e passa por alguns ajustes, as instalações são modeladas por terceiros com o Revit-Mep, a compatibilização e a retirada de quantidades é feita com o Solibri e, na préconstrução (4D), é utilizado o Synchro.

"Nossos próprios resultados passaram a ser motivadores para que as parcerias se efetivassem", conta Silva. "Acabamos de fechar um novo projeto com área total próxima a 50 mil m², no qual todos os projetistas entregarão seus modelos e, por meio do Solibri, gerenciaremos as compatibilizações, a retirada de quantidades e a validação desses modelos. Será o início de uma nova fase, e acreditamos na evolução de todo o time em qualidade e produtividade", comenta o diretor da Sinco, segundo o qual a presença do processo BIM na empresa não tem data de término.

Foto: Marcelo Scandaroli
Na Gafisa, o foco do projeto-piloto em BIM foi compatibilização dos projetos, assertividade dos quantitativos e planejamento integrado

Gafisa: modelo aberto
Em 2010, a Gafisa iniciou um projeto-piloto com cinco residenciais utilizando o BIM. Na ocasião, optou-se pelo modelo aberto, no qual as diversas disciplinas se integram em um modelo federado, com a leitura por meio do protocolo Industry Foundation Classes (IFC). Dessa forma, diferentes softwares puderam ser utilizados. Para a arquitetura, foram testados Graphisoft Archicad, Vectorworks, Revit Architecture e Bentley Architecture. Para a análise de modelo, foram empregados Solibri (para análise de interferências e extração de quantidades) e Synchro (para planejamento e cronograma de construção).

"Quando iniciamos o piloto, definimos como objetivos a compatibilização dos projetos, a assertividade dos quantitativos e o planejamento integrado. Os dois primeiros foram atingidos e o último está em processo de consolidação", conta João Paulo Bruno Sanches, gerente técnico da Gafisa. Atualmente, a Gafisa tem seis projetos em que o BIM foi total ou parcialmente adotado, representando 20% dos projetos em fase executiva.

Sanches relata que, ao longo desse processo, dificuldades diversas tiveram que ser superadas. A primeira delas foi a criação de diretrizes de projeto, o que foi resolvido com a criação de um guia para orientar todos os projetistas. A interoperabilidade entre softwares foi outro problema. Foram registrados alguns problemas de exportação e perda de informações dos modelos com a utilização do IFC. "Superamos isso com o envolvimento das empresas de software, dos projetistas e dos nossos consultores.", garante Sanches.

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