Dec

09

Inflação cede em 12 meses com alta menor dos alimentos, aponta IBGE

A taxa acumulada em 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou com o abrandamento da inflação de alimentos. A avaliação é de Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de índices de preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado em 12 meses até novembro, o IPCA ficou em 5,77%, taxa mais baixa desde novembro do ano passado, quando o indicador estava em 5,53%. Foi a quinta diminuição consecutiva do índice nessa base de comparação. Em julho, o IPCA estava em 6,7% no acumulado em 12 meses.  

“O IPCA se distanciou um pouco mais dos 6% [no acumulado em 12 meses]. Esse recuo se deve essencialmente ao melhor comportamento nos preços dos alimentos, que continuam subindo, mas em uma intensidade menor”, afirmou Eulina. 

De acordo com a metodologia de cálculo do IPCA, dos nove grupos que integram o índice, o alimentação e bebidas é o de maior peso, com 24,57%.

Na passagem de outubro para novembro, o grupo alimentação e bebidas saiu de alta de 1,03% para avanço de 0,56%. Segundo Eulina, a diminuição no ritmo de expansão dos preços desse grupo ocorreu em razão da maior oferta de trigo no mercado. Com isso, os preços dos derivados do trigo subiram com menos força.“O governo colocou no mercado estoques de trigo, o que contribuiu para a maior oferta desse produto”, afirmou Eulina. 

De acordo com o IBGE, a farinha de trigo, que subiu 3,75% em outubro, avançou 1,67% em novembro. Nesse mesmo período, o pão francês passou de alta de 1,48% para avanço de 1,05%. 

Em novembro ante outubro, as principais quedas ocorridas em alimentos foram em feijão-carioca (-7,96%), alho (-6,52%), leite longa vida (-2,44%), arroz (-1,04%) e frango inteiro (-0,71%). 

Já os itens monitorados impediram que o IPCA recuasse de modo mais intenso na passagem de outubro para novembro, quando o indicador foi de alta de 0,57% para 0,54%, avalia Eulina. O índice de preços monitorados saiu de alta de 0,14% em outubro para avanço de 0,48% em novembro. No acumulado em 12 meses, contudo, ainda está bem abaixo da inflação geral: alta de 0,96% contra 5,77%.

Em novembro, entre os monitorados, a maior pressão partiu de energia elétrica residencial (1,63%), cigarro (3,19%), plano de saúde (0,72%), remédios (0,28%) e taxa de água e esgoto (0,52%). Outros impactos importantes para essa variação foram observados em gasolina (0,63%) e pedágio (0,23%).

“A taxa [do IPCA] de novembro foi muito próxima à de outubro, praticamente não mudou. O índice teve uma forte redução dos alimentos, mas esse efeito acabou sendo equilibrado com o aumento nos preços de itens monitorados, como energia elétrica residencial, devido ao aumento de tarifas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre”, disse a especialista do IBGE. Em Brasília também houve reajuste.

Expectativa de aumento gera elevação de preço da gasolina

A gasolina subiu 0,63% em novembro, após alta de 0,01% no mês anterior, provavelmente, em razão da retirada de descontos dados por postos de combustíveis a partir da veiculação de notícias sobre a possibilidade do aumento nos preços do produto nas refinarias. 

“É sabido que, para atrair mais clientes, muitos postos de combustíveis concedem descontos em seus preços. Com as notícias sobre a possibilidade de aumento na refinaria, alguns retiraram esses descontos, o que pressionou os preços. O fato é que o reajuste oficial do preço da gasolina, na refinaria, não foi apurado no IPCA de novembro. Veremos os efeitos em dezembro”, disse a especialista. 

No dia 29 de novembro, a Petrobras anunciou aumento de 4% no preço da gasolina. O item tem peso de 3,13% no IPCA. Dessa forma, cada 1% de alta no preço da gasolina na bomba tem impacto de 0,031 ponto percentual no IPCA. Nesta semana, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o preço da gasolina, nos postos, deve aumentar de 2% a 2,5%.  

Outra fonte de pressão para os preços da gasolina, no IPCA de novembro, foi o aumento do etanol, disse Eulina. Em novembro, esse combustível ficou 0,94% mais caro. Em sua composição, a gasolina recebe 25% de etanol. 

Fonte: http://www.valor.com.br/brasil/3364794/inflacao-cede-em-12-meses-com-alta-menor-dos-alimentos-aponta-ibge#ixzz2mibsNcKe

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