A Casa D`Agua - Condomínios feitos para a classe média

Nov

01

Condomínios feitos para a classe média

Fonte: Valor Econômico 
 

Os condomínios horizontais são hoje a opção preferida da classe média que sonha com casa espaçosa, rodeada de praças e vasta área de lazer, mas não tem renda para bancar esse luxo nas capitais. Preços nas alturas impulsionados pela escassez de terrenos nas grandes cidades são os principais responsáveis pela migração de famílias com renda mensal de R$ 20 mil a R$ 30 mil.

Ao fazer as contas, o comprador conclui que vale a pena trocar a agitação das cidades e os apartamentos compactos pelo conforto de morar em condomínios horizontais, mesmo que em regiões mais afastadas. O deslocamento, que pode consumir até duas horas nas idas e vindas entre a casa e o trabalho, é a contrapartida para essa opção.
 
Já as famílias, que não abrem mão da proximidade dos grandes centros, estão transformando os condomínios em segunda casa, em espaço para lazer. Esses imóveis, segundo especialistas, chegam a custar cerca de um terço do preço pedido por apartamentos em regiões consideradas nobres em São Paulo.
 
"Os condomínios horizontais de classe média estão em alta tanto nas cidades do interior como primeira moradia, quanto casa de praia ou campo. Com a abundância de crédito, a demanda se manterá aquecida", prevê Fernando Sita, diretor geral de Terceiros da Coelho da Fonseca. Uma das principais vantagens é o preço, particularmente quando se trata de imóveis destinados a moradia. De acordo com Sita, na Vila Nova Conceição, Zona Sul da capital paulista, classificada como área nobre, uma casa com 300 metros quadrados terá o mesmo custo de construção que em outras regiões do Estado de São Paulo. O terreno, no entanto, pode custar dez vezes mais.
 
É essa diferença que torna atraentes os condomínios em municípios próximos às grandes cidades. "Enquanto o metro quadrado na Vila Nova Conceição custa a partir de R$ 6 mil, em Nova Odessa, a 120 quilômetros de São Paulo, sai a R$ 500,00", exemplifica. Pelas contas de Sita, a mesma casa que em São Paulo seria vendida por R$ 3,9 milhões, custaria perto de R$ 1,15 milhão no interior. Esse salto nos valores praticados em um mesmo produto em diferentes regiões está atraindo famílias que desejam se instalar no interior ou ter uma segunda moradia para passar finais de semana.
 
"Geralmente o comprador já tem casa própria em São Paulo e busca uma residência de 'campo' para o lazer. Ou a família quer sair de São Paulo para criar os filhos em um município do interior, com mais comodidade, segurança e custos fixos menores. Nesse segundo caso, a maior parte dos moradores gasta pelo menos duas horas entre idas e vindas ao trabalho, em São Paulo", explica.
 
Os condomínios horizontais, em geral, oferecem terrenos de 500 a 1.000 metros quadrados e as casas têm área de até 400 metros quadrados. Costumam dispor de infraestrutura semelhante a de um clube, com piscina comum a todos os moradores, playground, campo de futebol e espaço para as crianças brincarem e andar de bicicletas. As ruas e praças oferecem maior segurança e são usadas também como áreas de lazer.
 
Nos condomínios Dona Carolina, em Itatiba, no interior de São Paulo, e Vila da Mata, em São Roque, na Grande São Paulo, o metro quadrado custa de R$ 360,00 a R$ 400,00. "O Dona Carolina foi lançado em dezembro de 2012 e 60% dos terrenos já foram vendidos, enquanto no Vila da Mata, lançado há 18 meses, 95% das unidades já foram comercializadas", diz o diretor.
 
Thiago Castro, diretor de Novos Negócios da Abyara Brasil Brokers, observa que novos condomínios horizontais em São Paulo estão fora de cogitação, mas que a tendência se amplia em cidades do interior como Jundiaí, Campinas e alguns municípios da Grande São Paulo. "Há uma migração de famílias de São Paulo para essas regiões", afirma Castro. A Abyara está investindo nesse novo filão. "Quando lançamos um projeto com esse perfil, cerca de 40% do projeto é comprado por paulistanos que preferem morar a cerca de uma hora de São Paulo, com qualidade de vida", diz.
 
Em 2008, a empresa lançou em Jundiaí um condomínio horizontal com 285 casas entre 120 e 173 metros quadrados. Segundo Castro, 100% das unidades foram comercializadas no lançamento.
 
"Essa velocidade nas vendas se dá pela falta de terrenos mais próximos, mas também pela dificuldade em se encontrar casas em condomínios fechados na capital", diz. Comprar um apartamento de 200 metros quadrados, em um bairro nobre na capital paulista, de acordo com Castro, pode custar até R$ 2 milhões, enquanto uma casa em um condomínio com todo conforto, com a mesma metragem ou até maior, pode sair por menos de R$ 1 milhão.
 
José de Albuquerque, diretor de Incorporação da Brookfield Incorporações, diz que a empresa também aposta nessa nova modalidade de negócio. "Investimos em terrenos no interior do Estado como Jaguariúna, na Grande Campinas, com 500 lotes da marca Tamboré, a partir de 500 metros quadrados", diz. O modelo será replicado nas cidades de Campinas e Americana. "Construímos a infraestrutura e o clube com salão de festa, piscina e ginástica. O metro quadro está ao redor de R$ 600,00. O interior do Estado tem uma economia pujante e demanda forte. É um mercado que existe e as pessoas querem morar em casa", diz.
 
Em Campinas, os trabalhos já estão adiantados e a Brookfield anunciou um lançamento para o início do próximo ano. "O condomínio, próximo à hípica da cidade, terá 50 casas com metragem a partir de 180 e 200 metros quadrados e preços ao redor de R$ 1,5 milhão", diz Albuquerque. Na sua avaliação, o que mais conta ponto na avaliação dos clientes é a segurança e o espaço. "As pessoas estão mais preocupadas com o conforto de morar em casa, ter segurança e privacidade", relata. A empresa também fará um lançamento do Condomínio Casas Jardim, em Jacarepaguá, no Rio. "Serão 64 casas de 114, 116 e 122 metros quadrados com quatro dormitórios e duas vagas na garagem", diz. Segundo o diretor, o condomínio terá uma área arborizada de 2 mil metros quadrados e um clube de mais de 1.300 metros quadrados.
 
Por Rosangela Capozoli

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